Entrevista com a Paisagista Zaida Machado

Autor: Renato Costa - Data: 08/06/2006

Zaida Machado é uma profissional apaixonada pelo que faz. No seu trabalho, busca dar personalidade ao projeto do cliente, deixando que a imaginação trabalhe à vontade. Nesta entrevista, Zaida conta um pouco da sua trajetória profissional e fala sobre os seus principais projetos.

Revista AuE Soluções: Como o paisagismo surgiu na sua vida?

Zaida: O paisagismo surgiu na minha vida de uma forma muito sutil, quase imperceptível. Antes possuía apenas um olhar artístico. Desde criança tive um certo dom para o desenho a pintura. Muitas paisagens me chamavam atenção e eu queria reproduzi-las em tela. Achava lindo como as formas e volumes compunham-se harmoniosamente. Tantas cores no universo! E o verde? Ficava maravilhada com tantos matizes... Era difícil reproduzir. De repente, por uma graça do destino, vi que poderia pintar direto na natureza... Quadros reais, quadros vivos! Acho que foi assim.


- Qual o tipo de trabalho que você desenvolve na área de paisagismo?

- Faço tudo que se conhece como paisagismo convencional: projetos, croquis, reformas, manutenções, gramados, lagos, cantos e recantos para todas as necessidades e vontades. Estou colocando um site no ar onde poderão conferir (www.zaidapaisagismo.com.br). No entanto, como não poderia deixar de ser, procuro sempre algo inusitado, algo que dê personalidade ao jardim. Sempre que posso utilizo-me de esculturas, materiais e/ou técnicas pouco convencionais. Tenho verdadeira paixão por reciclagem, procuro usar tudo que sobra de uma obra, como por exemplo: troncos de árvores que precisaram ser cortadas, pedaços de pisos e revestimentos que comporão mosaicos em tampo de mesas, painéis ou muretas e por aí vai... Deixo minha imaginação correr. No entanto, nunca perco o foco do belo e funcional.


- Como o PhotoLANDSCAPE auxilia no seu trabalho? Quais os recursos do programa que você destaca?

- O PhotoLANDSCAPE foi o que chamamos de "uma mão na roda" para mim. Antes dele fazia montagens com outros softwares que me davam um trabalhão enorme e tomavam muito do meu tempo. Ele tanto me auxilia na fase de criação, como na hora de apresentar o projeto ao cliente. Para nós paisagistas, quando terminamos um projeto, ele está vivo dentro de nossas mentes, até podemos caminhar nele. No entanto, para o cliente isto não acontece. Ele necessita ver algo mais concreto, algo que o faça imaginar com mais precisão como ficará sua paisagem. O PhotoLANDSCAPE permitiu isso, com muita facilidade de manuseio, rapidez e excelente apresentação gráfica. O principal recurso do programa é a enorme possibilidade de combinações que podemos fazer entre plantas, elementos e pisos. E ainda, quando o banco de dados não possui aquilo que necessitamos podemos desenhar. É ótimo, e o cliente fica muito satisfeito!


- Na sua opinião, qual é o maior desafio da profissão de paisagista?

- Particularmente os desafios me atraem. Então para mim, o desafio está em identificá-los e transpassá-los. No último ano tenho imposto uma postura mais ambiental no meu trabalho, voltada para o que estou chamando de paisagismo sustentável. Tento mostrar aos clientes que paisagismo não se compõem apenas com plantas e pedras, que é importante respeitar a natureza e interagir com ela, que tudo e todos estamos conectados: terra, plantas, vento, sol, água, animais e nós... A variável mais inconstante nesta constelação é o próprio cliente. Ele possui desejos, cargas emocionais que desconhecemos, bagagens culturais diversificadas, necessidades e limitações que fogem ao nosso controle e podem interferir singularmente no trabalho.


- Quais os seus trabalhos mais recentes?

a) Paisagismo para um salão de eventos que ainda está sendo construído, o projeto foi elaborado junto com o início da construção. Nele eu deveria criar espaços diferenciados para os convidados, além de uma cascata onde eventualmente noivos pudessem casar tendo-a como fundo. Criei espaços temáticos entrelaçados de forma orgânica e funcional. A cascata? Troquei... Já estou cansada de cascatas! Sugeri e o cliente gostou de uma composição com vidros-molhados, esguichos e gêiser. Foi um dos trabalhos que apresentei com o PhotoLANDSCAPE.

b) Residência de um arquiteto de renome em Brasília.

c) Área interna (acessos para automóveis e pedestres) de um condomínio que está se formando (em fase de divisão de frações e cercamento). Nele o princípio básico é ser o mais ecológico possível. Futuramente já está prevista uma outra fase onde projetaremos um parque permacultural na área verde comum aos condônimos.

d) Paisagismo em torno do Centro de Excelência em Turismo - Universidade de Brasília - CET/UNB. Arborização e caminhos.


- Dentre os seus trabalhos já desenvolvidos, qual você destaca?

- Puxa, difícil! Cada um teve algo interessante para se contar. Vou falar dos últimos dois. O da UNB e outro que começarei a implantar na semana que vem. Na UNB não houve um projeto, chamei-o de paisagismo intuitivo. Passeei pelo local uns dois dias, tirei fotos, observei o caminho que as pessoas faziam. Tinha, ainda, uma certa limitação quanto à verba, mas havia uma preocupação por parte da administração de se deixar o local mais bonito, mais agradável. Intuitivamente fui riscando caminhos orgânicos pelo chão (por onde as pessoas já passavam) e vi que formavam trilhas que poderiam efetivamente funcionar como trilhas de passeio, não só de passagem. E trilhas de passeio sugerem pontos de parada, de observação. Aí a mágica aconteceu: Conversei com a administradora do local, chamamos o professor responsável pelo Departamento de Artes da UNB e o conceito do jardim passou a ser um jardim de esculturas. Fiz vários nichos que estão esperando por esculturas que estão sendo confeccionadas pelos alunos do departamento. Além disso, reciclei e utilizei tudo que encontrava pelo canteiro de obras, desde portões velhos que se tornaram apoio para trepadeiras (como fundo para as futuras esculturas) até tampa de poço e pedaços de paralelepípedos que "plantados" de forma a tirar o melhor partido de suas lascas e pontas, tornaram-se monumentos. Alguns receberam uma demão de tinta... Mas de tinta ecológica feita à base de cactos que lá já existiam.


trabalhos, Zaida Machado.


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